sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um marco, por Fernanda Montenegro

Você entra na faculdade pensando qual será o dia que vai marcar sua vida profissional. O primeiro dia de aula? A primeira entrevista? O primeiro estágio? A primeira matéria publicada? A conclusão, a aprovação, o dez do seu TCC? Seu primeiro emprego?

Até alguns dias atrás, eu achava que o marco da minha carreira seria a publicação do meu livro, cujo lançamento será realizado no dia 11 de agosto deste ano. Mas não. Eu fui além, ouvi vários "nãos" e persisti. Afinal, "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".

A atriz Fernanda Montenegro participou da gravação do filme sobre a Vida de Cristo em São Roque, em 1971, e isso foi um marco para toda aquela população. E era isso que faltava no meu livro. Foram mais de 10 e-mails enviados, várias ligações e muitas frustações. Semana passada fiz uma última tentativa.

Eis que hoje, no auge do meu trabalho, recebo a ligação de um número privado. "Ei, Roberta. Aqui é o produtor da Fernanda Montenegro. Ela vai te dar a entrevista". Feliz, emocionada e muito nervosa, perguntei: "Nossa. Que legal. Que dia ela vai falar comigo?". Para nooooooossa alegria, ele solta: "Agora. Vou passar a ligação. Aguarda só um momento". Eu não sabia se ria, se chorava, se saía da sala, se anotava algumas perguntas no bloco de notas... Só sei que tremia muito e fiquei muito arrepiada. Segundo minha chefe, fiquei vermelha. E ela me atendeu, super simpática, disse que estava à minha disposição, perguntou se eu estava "tomando nota", brincou, perguntou sobre as pessoas que conheceu em São Roque e fez um pedido. O que ela pediu? A ha ha, só se você ler o livro! É super surpresinha.

Ainda estou em estado de choque. Como eu, formada há menos de seis meses, consegui entrevistar uma das maiores atrizes do Brasil? Estou tão orgulhosa de mim mesma. E consegui terminar a conversa sem ter nenhuma dúvida.

A lição que eu tiro disso tudo? Persistir sempre. Essa é a lição que vou levar para o resto da minha vida. E, para sempre, essa entrevista vai ser o maior marco da minha carreira.


Lembrei do meu eterno mestre Hesio Pessali, que certa vez disse: "O gravador nada mais é que que algo que pode destruir sua carreira. Com ele, revelará suas limitações. Sem ele, você pode mostrar-se uma ótima profissional". Imaginem ter que aliar aquela confusão de sentimentos, com a responsabilidade de conseguir anotar tudo, sem perder nenhum detalhe?


PS.: Isso pode ser uma "cala-boca" para muita gente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário