segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Palavras sábias

É engraçado como as pessoas tem o poder de dizer coisas que nos deixam o dia inteiro pensativos.
E eu, particularmente, adoro as histórias que o grande professor Hesio conta nas reuniões de pauta. Aquelas coisas engraçadas, casos antigos de redação, histórias de interior (sempre!), experiências e tals. Mas hoje foi diferente, porque eu vi que já sou projetinho (ainda que muito pequeno) de repórter.
Aula de Redação Jornalística II. Maior leseira. E o professor começa a narrativa: "Eu me lembro de uma vez que o Hesio..." e eu imediatamente, no susto, pensei: "Lá vem história boa" e fixei meu olhos de jabuticaba no professor. Em meio à história narrada, ele trazia a mensagem deixada certa vez pelo mestre Hesio: que o repórter deve ter sempre o olhar observador, prestar atenção em tudo o que acontece ao seu redor, o que é a famosa Personalidade de repórter.
E aí eu fiz um retrospecto da minha viagem de São Roque até Vitória ontem. Houve um acidente no Vale do Canaã. Uma moto bateu de frente com um carro e, como não podia ser diferente, o motoqueiro morreu. Tá bom, isso nem é mais novidade. O que me impressionou é que a filhinha do cara, de apenas 4 anos, viu o pai morto e se jogou no corpo dele. Só para lembrar, era dia dos pais. Eu queria saber como o acidente tinha acontecido, quem era a vítima na história e todas essas coisas de apuração, mas ver aquela criança daquele jeito me chocou profundamente. É aí que eu seria parcial, com certeza.
A mulher que estava sentada do meu lado no ônibus, uma conterrânea muito amável, conversava feito uma maritaca, falando da pós-graduação que está fazendo. E lá pelas tantas, chegando em Vitória, eu lá ia querer saber de pós? Eu queria mesmo era saber do acidente, o que estaria acontecendo. Meus olhos jornalísticos borbulhavam. E eu pensava: "E seu eu já fosse formada e trabalhasse num jornal, o que eu deveria fazer?" A resposta veio à minha mente horas depois, sem sombra de dúvidas. Certeza que eu iria pedir para o ônibus parar, ia descer, apurar tudo, para depois contar uma bela história.
O acidente poderia ter passado despercebido, já que era domingo e eu nem lembrava da Faesa. Mas como não dá mais para separar uma coisa da outra e eu já me sinto quase uma comunicadora, isso me tocou de alguma forma.
E na aula eu fiquei aliviada. Porque constatei que não foi apenas curiosidade minha. Eu assumi a personalidade de repórter a que me referi no começo e estou radiante por isso.
Quem sabe na próxima viagem eu tenha coragem de pedir para o ônibus parar?

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