O limite da Imprensa

Todo estudante de Jornalismo tem a curiosidade de saber qual é o limite da profissão.

Lembro que ainda no primeiro período tentei tirar essa dúvida com um professor que foi bem direto: "Me admira muito você fazer uma pergunta dessa e querer a resposta tão cedo". Entendi nada, mas fiquei caladinha. Só depois ele veio a explicar que a gente só descobre isso com o tempo, na prática, porque depende também dos valores de cada profissional. 

Já vi muitos casos com falta de um limite, mas o último me tocou mais. Perder uma mãe não é nada fácil, todos sabem. Ficar sabendo pela televisão é pior ainda. E quando você é o último a saber? Ontem Lady Laura, mãe do cantor Roberto Carlos, faleceu. O cantor estava em New York fazendo um show e quando o Fantástico passou a notícia, ao vivo, o filho ainda não sabia do acontecido. É, o Brasil inteiro soube antes dele, que deveria ser o primeiro a saber. 

O furo jornalístico, que às vezes é muito bom, pode ser destruídor. Em nome desse diferencial, de noticiar antes de todos, não houve o respeito de comunicar primeiro ao cantor e depois em rede nacional. Esse é o limite a que me refiro. Respeitar o lado humano e o sofrimeto das pessoas vale bem mais do que contar em primeira mão.