quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lá bem longe...

“Passar todos os detalhes para que o ouvinte possa imaginar tudo o que aconteceu, como se estivesse no local...”

Era dezembro. Começo das férias. Eu sabia que só teria obrigação de relembrar o que aprendo na faculdade no início de fevereiro. E estava cansada de tudo. Queria um tempo para descansar minha mente e dar um tempo daquela rotina de teoria/prática da faculdade.

Eu estava na casa do meu avô, em São Roque, e ouvia todo mundo falando de um tal de “senhor Emanuelito”, mas nem sabia do que se tratava. Na verdade, nem estava muito interessada em saber.

Ouvi logo cedo minha tia dizer que ele havia voltado [ele já havia passado alguns dias por lá, andando pelas estradas]. Ela deu café pra ele, o colocou descansar, cuidou dos ferimentos dos pés dele [devido às horas que andou sem calçado]. Todos os moradores estavam sensibilizados com aquele senhor e ligaram para a prefeitura do município pedindo ajuda, mas os funcionários diziam que não poderiam fazer nada. O idoso saiu, perambulando de novo. Voltou às 14h, pedindo um prato de comida. Resolvi acompanhar minha mãe e ver quem era afinal o “senhor Emanuelito”.

Fiquei com receio de me aproximar logo. Foi uma mistura de pena, gastura de ver os ferimentos e vergonha. Anotei tudo o que ele falou, nome dos familiares, de onde vinha, porque andava pela região, idade, características físicas e fui para casa, com o coração apertado.

Meus familiares não paravam de insistir para eu ligar para a rádio e falar deste homem que estava por lá, dormia embaixo das árvores, às vezes, parecia ter problemas psicológicos, com cabelos e barba branca, fala calma... e liguei, passei as informações, que imediatamente foram ao ar. Logo após, a rede municipal deu um jeito de levá-lo para um abrigo. Seria o poder da comunicação?

Horas depois, a família que cuida deste senhor chegou para buscá-lo. Eu vi, de longe, uma mulher emocionada, cheia de gratidão, que estava desesperada procurando por ele. Ela ouviu as informações no rádio e correu para buscá-lo.

Pode ser que não consiga um trabalho quando eu me formar. Pode ser que eu me decepcione com o jornalismo. Mas foi tão gratificante saber que eu pude ajudar alguém com o trabalho que eu escolhi para o resto da minha viida antes mesmo de me formar.

2 comentários:

  1. Esse medo que vc tem, eu também tenho. Mas quando a gente lê um texto como esse, que conta tão bem uma história linda como essa, é q a gente entende que só os bons tem a sensibilidade necessária e tão desejada no jornalismo. Você sabe contar boas histórias, eu admiro isso em vc e sei q outras pessoas tbm acreditam nisso. "quem a credita sempre alcança"! Acredite em vc! Vai dar tudo certo!

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  2. olá! Conheci seu blog através de uma pesquisa que estava fazendo para a faculdade. Também curso Jornalismo e, lendo essa história me sensibilizei.
    Estou seguindo seu blog e, gostaria de parabenizar pelas palavras que estão nele.
    Sucesso!

    abraços


    http://daianavlopes.blogspot.com

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