terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando eu entrei na faculdade, no auge dos meus 17 anos e meio, achava que o Jornalismo era a profissão mais valorizada do mundo. Mas o que é ter valor? é poder assinar uma matéria e ter o nome reconhecido? Só se for isso mesmo, porque eu não conheço outra forma de recompensa.

O salário é desanimador, a rotina exaustiva, o humor tem todas as chances de acabar logo no começo do dia, fora os medos, pressões, angústias. E porque eu ainda insisto nessa brincadeira? Se eu descobrir eu faço outro post, mas é bem provável que seja porque eu tenha o mínimo talento para ser médica, engenheira, professora ou advogada.

Há uns 3,5 anos eu sonhava em mudar o mundo com minhas palavras, ser reconhecida, falar a "verdade nada além da verdade", mostrar que sou capaz... e hoje me contento com bem menos. Desilusão? Talvez. Decepções? Muitas. E olha que nem me formei ainda!

Depois que virei apenas a Roberta Fachetti [profunda mágoa do meu pai, que viu seu sobrenome ser tristemente deixado de lado], percebi que não posso e nem quero fazer grandes revoluções. Acho que desempenhar meu papel, contar histórias, narrar os fatos e ser reconhecida por isso já está d ebom tamanho. Afinal, por que eu mudaria o mundo? Quem sou eu para dizer que o mundo está ruim ou como deveria ser? A única coisa que queria muito mudar, MESMO, é o salário dos comunicadores. Porque, né... acho que esse piso para quem trabalha feriado, final se semana, à noite, debaixo de chuva ou sol, correndo risco do seu melhor texto ser cortado à metade, se emocionando todos os dias com mortes e acidentes, se revoltando e não podendo expressar livremente a opinião é um pouco baixo demais. Não?

Hoje, depois de sofrer muito por criar falsas expectativas, sei que sou uma quase foca normal. Tenho sonhos [que sei que não realizarei], certeza do que quero para mim e para minha carreira. Sou menos sujeita a ilusões, já que sei que não ganharei tão bem quanto Fátima Bernardes, não serei repórter de televisão, portanto, não terei salão de beleza de graça, não preciso me culpar eternamente por ter a língua presa. Eu quero, sim, passar o dia debaixo do sol quente inalando a fumaça de um incêndio, tomando a mesma chuva que desespera moradores de regiões alagadas, trabalhando no meio da folia enquanto muitos de divertem, estar de plantão no Natal e no Ano novo [mentira, rs!]. Foi isso que escolhi para mim e vou ser besta de reclamar e ouvir dos "língua-grande" que é bem feito? Eu não! Eu gosto mesmo dessa minha profissão bandida!

Mas mesmo diante das decepções, medos e certezas ruins, você descobre que não sabe fazer nada além de contar histórias, aliás, ama contar histórias. Por que, então, não contar histórias para o resto de sua vida, mesmo ganhando mal e sendo criticado pelos críticos, invejosos e familiares?

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