quarta-feira, 27 de julho de 2011

E quando eu saí de lá...

Quando eu entrei na faculdade, em 2008, não tinha certeza de muita coisa. Sabia apenas que jamais faria o que meus pais sempre condenaram. Eu vi, durante esse tempo todo, alguns amigos dizendo que iam dormir na casa de alguém para fazer trabalho, quando, na verdade, iam para a balada.

Meus pais nunca me proibiram de nada. Quando me mudei para Vitória, meu velho bateu nas minhas costas e disse: "Esse é um voto de confiança que eu estou te dando. Então, faça por merecer". Eu sabia que, além dos meu princípios, eu não tinha o direito de decepcioná-los.

[E agora, no final da faculdade, depois de já ter ido MUITAS vezes para boate, para o Pagode e até para o funk, depois de ter pegado geral, de ter saído da balada pagando só R$ 5 ou R$ 100, depois te ter rodado a boate no ombro do meu amigo, depois de ter batido bundinha com a amiga dançando funk, depois de descobrir o poder do drink de limão... eu súper me orgulho de não ter feito nada que decepcionasse meus pais.]

Eu era uma menina, de 17 anos, cheia de utopias, que acreditava em príncipes, nunca havia sofrido, a não ser pela falta do meu amigo. Eu sabia que não estava sozinha aqui: meu pai jogou para o meu irmão toda a responsabilidade de cuidar de uma garota temperamental, imatura, bagunceira e chata, como ele mesmo diz. Mas, logo ele, que eu não suportava?

Foram váááááárias as vezes que quase saímos na porrada, seja por causa do mau humor dele ou pelas minhas bagaunças. Mas, também foram inúmeras as ocasiões em que eu lamentava o sumiço do bombadinho que eu estava a fim ou pedia conselhos para conquistar o gatinho. Muita coisa mudou, aliás, se eu fosse definir o que mais mudou na minha vida nesses quatro anos, eu diria que eu ganhei um novo melhor amigo.

Sim, é isso mesmo. No começo, ele se desesperava quando eu não atendia o celular, e é assim até hoje. Ele não é de fazer manifestações de afeto. A forma de expressar o sentimento é me xingando, mas eu já entendi isso. Hoje, dispenso palavras públicas de amor. Para mim, basta a preocupação nítida, o zelo dele por mim.

É ele que sempre pergunta se tenho dinheiro para a balada, que manda eu ir e voltar de taxi, que entende minha necessidade de sair e me divertir, que me defende quando minha mãe implica porque saio muito, que compra os vestidos mais lindos e caros, por vontade própria, sem eu pedir, que me leva para jantar, que diz que não é valorizado, que me pede conselhos. É ele que diz que eu só ouço música cafona, que só fico os caras bombados e barrigudinhos.
 
E esse ano eu fui no primeiro rock com ele. O coitado levou um chá de luzes coloridas, não se mexia, ficava em pé, parado, com as mãos nos bolsos do terno. Mas, para minha surpresa, me dava bebidas e mandava eu dançar com os amigos gatos dele. A justificativa dele no dia seguinte? "Hoje eu entendo que somos diferentes"

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