terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Princess of father"

O dia dos pais passou e eu não tive nem tempo de reclamar da falta que o meu faz. Resolvi ocupar o meu dia, porque eu preciso colocar na minha cabeça que o cordão umbilical já foi cortado há quatro anos.

Eu fiz a minha parte: comprei o presentinho dele, passamos o dia juntos, trocamos carinhos, levei um esporro aqui outro lá, para não perder o costume... Cheguei em Vitória à tarde e saí com as amigas. Voltei para casa quando o dia já era noite, ou melhor, madrugada.

Mas, eu não posso deixar de falar dele, meu maior orgulho. Quem conhece só a Fachetti pode não entender muito bem esse apego, mas quem sabe com exatidão quem é a Roberta entende essa relação "nãoconsigomedesligardomeupai". Eu cresci ouvindo as pessoas dizendo que eu jamais conseguiria ficar longe dele, simplesmente, porque éramos unha e carne. Eu ia com ele para os bares, futebol, casa dos amigos, rua. Rolava uma sintonia linda de se ver e difícil de se entender.

Hoje, ele reluta em aceitar que eu não sou mais a "Beta" dele de cinco anos atrás. Ele não vê que eu cresci, ganhei minha independência, conquistei meu espaço. Ainda insiste em me colocar em uma redoma de vidro para ninguém tocar, assoviar ou elogiar. Se irrita quando é chamado de sogro, fica intrigado quando recebo ligações com voz grossa. Mas entende que eu cresci, com sua individualidade característica, seu jeito de nunca demosntrar o que sente, mas sempre roendo as unhas nos momentos de ansiedade. Foi assim quando trouxe minha mudança para Vitória, quando soube que eu estava namorando, quando deixou eu dirigir pela primeira vez e quando foi elogiado pela filha.

Meu pai nunca gritou nem bateu. Nunca sentou para me dar conselhos ou para conversar sobre algo que eu fiz errado. Sempre disse que essa era a tarefa da minha mãe e que ele faria o possível e o impossível pela minha felicidade. Quantas vezes eu senti saudade da voz dele, de encostar minha cabeça naquela barriga gigante de cerveja, de ser acariciada por aquelas mãos calejadas. Quantas vezes eu falei nele com um nó na garganta. Hoje, me refiro ao meu xará com um sorriso no rosto.

Só ele teve a humildade e disposição de investir no sonho da filha. Um sonho diferente de tudo que ele planejou e gostaria. Só ele disse para mim: "Filha, a maior herança que eu posso te deixar é o estudo, então, conte comigo para sempre". Ele conseguiu formar um advogado, que com apenas três anos de formado é coordenador de um curso superior, e está a um passo de ter uma jornalista dentro de casa. Tudo isso com o suor dele, literalmente.

Eu consigo entender perfeitamente todas as proibições e esporros que eu tanto reclamei por receber. E acho, sinceramente, que só entende o verdadeiro valor de um pai quem sente vontade de abraçá-lo e está longe, quem ama sem medidas seu "velho" e tem plena convicção de que esse é o único amor que vale a pena!

Não é a toa que eu sou chamada pelos meus amigos mais íntimos de "Princess" ou "Princess of father"!

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