quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O papai...

Eu não sei se sou o tipo de filha que ele sonhou um dia em ter. Sei que existe muito mais dele em mim do que ele pode imaginar. Aquela menina reclamona, que fala mal pelos cotovelos quando está nervosa, que elogia as pessoas na ausência para não demonstrar afeto publicamente, que é do tipo "cão que late não morde", que reclama de barriga cheia, que não come cebola, adora o bolinho de chuva da mamãe... é apenas uma cópia afeminada daquele cara boa praça que tem lá em casa.

Ele não é nenhum exemplo de beleza. É barrigudo, tem bigode e está ficando mais careca que o normal. O pouco de cabelo que existe já está branco. As rugas estão mais aparentes e as mãos mais calejadas. Mas, é o meu príncipe. O modelo de homem que eu busco para mim. Aquele que cuida, que ama, que briga, que dá carinho. É ele o ser mais perfeito que eu já conheci no mundo inteiro. É ele que vai ser sempre o meu verdadeiro amor, é ele, só ele... e sou eu a filha mais apaixonada que pode existir.

Hoje é aniversário dele. Eu só pude dizer, em poucas palavras, o quanto ele é importante para mim por telefone. Engolindo o choro, porque estava em público, eu disse apenas que ele é o melhor pai do mundo e independente do que aconteça comigo a partir do ano que vem, ninguém vai roubar o lugar dele. Agradeci por ele viver os meus sonhos e bancar essa louca aventura que chamo de Jornalismo.

Eu queria poder raspar meu rosto na barba dele, dar um beijo naquele pescoço queimado pelo sol e descansar deitada na "pança" dele. Mas, escolhi ficar longe dele. Renunciei a ele. Às vezes, me sinto culpada, às vezes, não consigo acreditar que conseguimos nos separar.

Pensando em detalhes agora, minha mente está cheia de imagens da minha infância: dos nossos passeios de moto, da primeira volta sempre que ele trocava de carro, do desespero dele ao saber que eu estava namorando, das nossas conversas sobre gravidez, drogas e festas, dos pedidos de conselhos para investimentos na fazenda, dos "nãos" que já ouvi, das risadas que ele já deu, do susto quando soube que eu estava internada sem ele por perto.

Eu escreveria páginas e mais páginas, mas preciso ir correndo no banheiro lavar meu rosto, antes que meu irmão veja minhas lágrimas e implique por eu "insistir nessa história de sofrer pelo papai". E não, eu nunca vou me acostumar. E nem quero!



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