sexta-feira, 23 de março de 2012

Chavinho, Chavinho...


Esse texto é parte de um post do blog Hoje é um bom dia. O autor faz uma análise muito inteligente sobre o seriado, mostrando que os episódios dão exemplos ruins para as crianças. E mesmo assim fazem sucesso.

Um exemplo disso são meus primos (de 07, 11, 13 e 17 anos) que não perdem o seriado e se encantam com os personagens, que conquistaram diversas gerações.

Mesmo com as "maldades inocentes", para mim, Chaves foi o melhor seriado que eu já vi, com a capacidade de atrair a atenção de qualquer pessoa, independente da idade.

Eu tenho a teoria de que Chaves é o grande equalizador cultural da civilização sulamericana. Não importa sua idade, sua classe social, e nem sua nacionalidade — se você teve o infortúnio de nascer na parte da América que fica abaixo da linha do equador, há ao menos uma influência televisiva a que todos fomos submetidos.

Aqui no Canadá conheci pessoas de inúmeras nacionalidades sulamericanas diferentes, todos (sem exceção) esboçam imensos sorrisos quando pergunto se eles também assistiam El Chavo del Ocho, o nome original dessa excelente sitcom.

Como fiquei sabendo recentemente, o Netflix brasileiro — que é paupérrimo — compensa suas falhas trazendo vários episódios do Chaves. Eu invejava vocês por isso, até descobrir este usuário do youtube. O canal, mantido pela Televisa, traz o que parecem ser TODOS OS EPISÓDIOS DE CHAVES. Todos eles.

Aquele em que o Chaves é engraxate? Tá lá.

O icônico restaurante da Dona Florinda, naquele episódio em que uma placa com dizeres em espanhol obrigou os dubladores a justificarem o uso do termo “mesero” em vez de “garçon”?  Tá lá também.

 O episódio em que aparece a clássica brasília amarela do Senhor Barriga, muitos anos antes de tal veículo ser romantizado numa música da mais significativa banda brasileira? Olha lá.

O EPISÓDIO EM QUE TODA A VILA VAI A ACAPULCO? Clique rápido. Aliás, eu podia JURAR que na dublagem clássica, eles se referiam a “Guarujá”, e não Acapulco. Ou estou confundindo com algum outro episódio…? É esquisito ver como o dublador do Chaves mudava entre episódios, aliás. Enfim.

(Yep, assisti o episódio e de fato o nome no título é “Acapulco”, mas os personagens referem-se a “Guarujá”. E fazem alusão a morarem em São Paulo, também)

Eu estou reassistindo inúmeros episódios e apresentando o personagem à minha mulher. E ter que explicar certos conceitos em relação à série me fez perceber que Chaves tem um lado muito sombrio.

Senão, vejamos:

Boa parte das piadas do seriado satirizam o fato de que o Chaves é pobre e passa fome. Passa tanta fome, aliás, que reage euforicamente em qualquer momento que comida é mencionada — o que é especialmente verdade no caso do mítico “sanduíche de presunto”.

O Chaves é também constantemente “bulliado” pelos dois garotos ricos do seriado, o Nhonho e o Quico (especialmente este último). Quando não zoam o pobre Chaves esfregando brinquedos caros na cara dele, fazem algo ainda mais cruel: esfregam comida na cara dele.


Nenhum comentário:

Postar um comentário