terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

1...10...20...30...40...50!

Bom, quem me conhece bem sabe o quanto eu sou ligada aos meus pais, ao meu barrigudo, careca e bigodudo, principalmente. Sempre falo deles em público, porque sei que a única certeza que eu tenho nesse mundo é o amor deles, que nunca vai acabar, ser abalado ou mudar. É por eles que eu costumo chorar à noite.

Mas eu nunca fui de falar dos meus outros familiares, a não ser da minha pequena Ana Julia, meu xodozinho. Acho que é porque eu nunca fui tão próxima a eles. Passei minha infância toda indo à casa dos meus avós e tios nos finais de semana e algumas ocasiões importantes. Nunca fui de ficar beijando e abraçando eles. Mas jamais deixei de amá-los. E sou orgulhosa demais. É muito difícil uma pessoa arrancar um "eu te amo" da minha boca.

Porém, a ocasião era importantíssima: meus avós comemorariam 50 anos de casados. Cada membro da família contribuiu de alguma forma para a festa e a minha foi expor em algumas [muitas!] palavras tudo o que meus avós significam para mim. Como disse minha tia: "Para quem é quase uma jornalista, não é sacrifício nenhum para você fazer isso". Ok, quem sou eu para dizer que não, né? Deixei de ser durona e me rendi, me emocionei. O próprio primo falou que eu me entreguei.

Segue abaixo algumas partes:

"Como neta mais velha, assumi a função de transformar em palavras tudo o que meus avós representam para mim, meus primos, tios e pais. Mas há momentos que as palavras não dão conta e a gente tem que confiar no coração. Falar de vocês não é uma tarefa fácil. Foram horas relembrando nossa infância, nossas histórias, me emocionando e tentando reproduzir toda a importância que vocês têm para todos nós.

Aqui, encontra-se o retrato de um sonho, concebido por dois jovens, que, no dia 28 de janeiro de 1961, aqui nesta mesma Igreja, unidos pelo mesmo sentimento, fundaram em bases sólidas uma família, que hoje encontra-se aqui para homenagear os melhores avós e pais do mundo. Os maiores exemplos desta família vêm há 50 anos escrevendo uma história que nos enche de orgulho e felicidade por pertencer à Turma do Vovô Lalo.

Vovó cuidou com grande carinho de cada neto, deixa em cada um de nós alguma lembrança, a forma de nos alimentar, de se preocupar. O vovô, sempre mais quietinho, representa para nós, a imagem daquele pai sereno, que tem o lado bom, que nunca grita, nunca briga e sempre derrama uma lágrima a cada conquista nossa.

Os meus avós já riram, já choraram com nossa família, já implicaram, já ensinaram o que é superação, fé, religião, oração, amor, o que é a vida em comunidade, solidariedade. Minha avó já me fez dormir, mas também perdeu horas de sono com todos nós. Lembrança é o que podemos levar de mais importante, independente de onde o destino nos leve. Já levamos esporros, principalmente por ir brincar no rio escondido, né Vó? Já mandaram a gente estudar, ver menos televisão, sair do computador, parar de brigar... Vocês se preocupam, aconselham, pedem para tomarmos cuidado e, o mais importante: demonstram a cada dia que tudo passa e apenas o amor e a fé permanecem.

“Vó, brinca de chicotinho queimado comigo?”, “Cadê o toicinho daqui?”, “Vó, ensina as letras, conta histórias de princesas?”. Ah, são tantas lembranças, tantas emoções... Meus 15 anos, nossa saída de casa, primeiras palavras que escrevemos, primeiras conquistas... Tudo seguido das lágrimas do vovô e da senhora, que sempre cobra mais detalhes.

Vocês nunca mediram esforços para cuidar da gente, para que nossos pais pudessem trabalhar e, por que não passear também? Qual neto poderá dizer que não dormiu na casa do Vovô Lalo? Sempre com comidinhas especiais, cada uma para o gosto de cada um de nós. E quando todo mundo se junta?

Ah! E o amor e carinho que sempre nos esperam? É tão maravilhoso saber que temos pessoas tão especiais para seguirmos como exemplo. Que lembranças gostosas temos de vocês... dos bolos dos nossos aniversários, festas surpresas, presentes, primeira comunhão, crisma, Natais, nascimento dos primos, todo o carinho que vocês têm conosco, sem distinção e preferências. Apagar essas lembranças é apagar a história de nossas vidas, é esquecer a existência de Deus, que testemunha o exemplo de pais, avós e sogros que vocês são.

Vários acontecimentos do casamento são transitórios, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de amar, conversar e conversar... E é disso que eu cresci ouvindo: que tudo pode ser resolvido com muito diálogo e que meus avós sempre foram amigos dos filhos.

O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois é coisa delicada, coisa de coração. O sonho vai, o sonho vem, cresce o amor, a cumplicidade. E quantas coisas vocês realizaram, hein?

Nesta data, fica evidente que vocês sempre exerceram a tolerância mútua, sempre tiveram o cuidado de discutirem suas angústias, incertezas, desesperos, que sempre tiveram o cuidado de preservar o outro de problemas menores, aqueles que cada um pudesse resolver por conta própria, mas o que fica mais evidente é que vocês exerceram o amor em sua forma mais pura e bela.

Vocês souberam transformar os obstáculos do caminho em pedras preciosas e, por isso, são um exemplo de amor e compreensão, e mais do que isso, são um exemplo de vida para nós.

É... cinquenta anos se passaram... os filhos cresceram, formaram suas próprias famílias e buscaram suas realizações profissionais. Filhos e netos voltam à casa sempre, para visitar o papai, a mamãe, a vovó, o vovô, para as confraternizações da família também.

Parabéns por serem esses avós tão maravilhosos, que hoje, mais do que nunca, nos enchem de orgulho. Obrigada por todos os ensinamentos, esporros, momentos de alegria e consolo. Obrigada pela oportunidade de pertencermos à Turma do Vovô Lalo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário